A dor tem sido objeto de estudo cada vez mais frequente na ciência atual, visto que
acarreta prejuÃzos na qualidade de vida das pessoas, afetando o campo da saúde e
também a esfera psico-social do indivÃduo. Diante da complexidade de mecanismos
envolvidos na gênese da dor, faz-se necessário entender não só sua neurofisiologia,
mas também detalhar a participação do psiquismo na determinação do fato
doloroso. A dor corporal é marcada pela preeminência do fator psÃquico e esse
forma a representação do corpo lesado, que sofre o impacto da comoção,
autopercebe o transtorno que ela acarreta, registra e restitui esse impacto. Essas
formas de retorno doloroso, sem causa aparente, são fontes frequentes de angústia
e o motivo de consultas na prática clÃnica, sendo de fundamental importância a
percepção do profissional de que o corpo é uma tela sobre o qual se projetam
lembranças e o adoecer de determinado órgão é a forma inconsciente do indivÃduo
de expressar seu sofrimento, por não conseguir fazê-lo de outra forma. Freud
afirmava que as quantidades excessivas dos estÃmulos que assolam o aparelho
psÃquico rompem as barreiras de proteção e a dor é o resultado de uma implosão
diante da qual o princÃpio do prazer não consegue mais dar continuidade à tarefa de
regulação do psiquismo. Cabe ao profissional de psicanálise criar condições
favoráveis para ampliar o repertório psÃquico do paciente, desenvolver capacidade
de simbolização para que esse possa elaborar seus conflitos em vez de depositá-los
no corpo.
Palavras-chave: Dor fÃsica. Dor psicogênica. Psicossomática. Psicanálise.